A escolha de se retirar também é uma forma de amor-próprio

 


Durante muito tempo, eu tentei me encaixar. Diminui minha intensidade, silenciei minhas opiniões, me fiz menor para caber em espaços onde claramente não havia lugar para mim por inteiro. Fui paciente além da conta, compreensiva até me perder de mim mesma. Tudo em nome de manter laços, agradar, sustentar vínculos que, no fundo, só existiam à custa do meu desgaste.

Mas o tempo ensina. Ensina que presença é valor. Que estar é escolha. E que insistir em permanecer onde não há reciprocidade é uma forma silenciosa de abandono de si.

Hoje, entendo com clareza: quem não sabe lidar com minha presença, com minha verdade, com meus limites, com minha essência, terá que lidar com a minha ausência. Não por vingança, não por orgulho. Mas por respeito. A mim mesma.

A ausência, quando nasce do excesso de tentativas, é libertação. É quando a gente para de implorar por lugar e começa a construir o próprio espaço. É quando entendemos que presença não se impõe ela é acolhida. E onde não há espaço para ser quem somos, o silêncio se torna mais honesto que qualquer esforço.

Não sou metade. Não sou rascunho. Não sou apenas o que convém. Se minha presença incomoda, talvez não seja ali que eu deva ficar. E tudo bem. Porque aprendi que a minha paz vale mais do que qualquer vínculo forçado.

Se fui embora, foi porque fiquei até onde pude. Se me afastei, foi porque minha presença não era bem-vinda, nem cuidada. E se a ausência doer, que sirva de reflexão, não sobre mim, mas sobre o que não foi valorizado quando esteve perto.

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