A natureza que esquecemos de ser
Em algum ponto do caminho, nos ensinaram que ser natural não era suficiente. Que precisávamos parecer mais fortes, mais produtivos, mais certos de tudo o tempo todo. E assim, aos poucos, fomos vestindo camadas — de medo, de expectativas, de personagens — até quase esquecermos quem éramos de verdade.
Mas a verdade é que ninguém nasce desconectado de si. A desconexão é aprendida. Ela surge quando deixamos de ouvir o que sentimos para dar conta do que esperam. Quando preferimos o que é aceito ao que é verdadeiro. Quando trocamos o “quem somos” pelo “quem precisamos ser”.
E é aí que começamos a nos perder.
Quanto mais nos afastamos da espontaneidade dos nossos gestos, mais distante ficamos da nossa essência. Quando não nos permitimos rir alto, chorar fundo, dizer “não” com coragem ou “sim” com entrega, estamos silenciando a natureza que pulsa em nós. Aquela que sabe, mesmo sem entender. Aquela que sente, mesmo sem explicar.
Ser natural é permitir-se voltar ao que é simples, mas profundo. É olhar no espelho e reconhecer, sem medo, quem te olha de volta. É tirar as armaduras, uma a uma, até sentir de novo a pele do que é real.
Nossa natureza não exige perfeição. Ela pede presença. E coragem para habitar a própria verdade.
Talvez o segredo não seja nos tornarmos algo novo, mas apenas lembrar do que sempre fomos — antes do mundo nos pedir para sermos outra coisa.
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